Ainda estou descobrindo as vantagens de ser cliente do Kindle Unlimited, o serviço de assinatura de livros da Amazon. Semana passada, descobri que o catálogo não é tão restrito assim: algumas renomadas editoras estão disponíveis, como a Biblioteca Azul, Zahar e Record. Decidi me aventurar com o vencedor de Pulitzer na categoria Ficção em 2000: Intérprete de Males, da americana Jhumpa Lahiri.
Assim como você, também torci o nariz ao ver um nome de pronúncia diferenciada e nada similar com o que costumamos ouvir em conteúdos americanos. Descobri que Lahiri é descendente de indianos, o que explica o contexto de seus nove contos na obra, sempre transitando entre o oriente (Índia) e o ocidente (Estados Unidos).
Para mim, o primeiro conto, intitulado “Uma Questão Temporária”, é o carro-chefe da obra. O baque da história de um casal que resolve aproveitar os cinco dias de interrupção elétrica na residência para contar ao outro o que cada um fez sem o outro saber. Uma forma estranha de reinventar o amor entre eles, mostrando que o renascimento de um relacionamento, seja ele amoroso ou apenas fraternal, é necessário para todos e me faz refletir sobre como tenho agido nos últimos tempos.
Os demais contos, no entanto, não me chamaram tanto a atenção. Lahiri tem uma narrativa simples, mas os assuntos de cada conto tem sua forma única de prender os leitores. Dependendo do seu nível de sensibilidade, algumas histórias devem se destacar mais do que as outras. No entanto, é possível observar a existência de saudade, esperança e adaptação nas mais variadas situações. Em diversos momentos, fiquei pensando se as narrativas em Intérprete de Males são autobiográficas.
A delicadeza de Lahiri também é algo bem nítido a cada página. Desde que me mudei para São Paulo, pude criar a mesma empatia e compaixão por aqueles que saem de suas casas para um amanhã melhor. Os personagens criados pela autora são exatamente aquilo que todos devemos ser: corajosos e destemidos. Cada um do seu jeito, é claro.
Fonte: Skoob
Pitacos Culturais 